Encontro das águas vira Patrimônio Histórico

Do alto até parece que um paredão invisível separa as águas. Uma linha quase reta demarca as correntezas do rio Negro e do Solimões por mais de dez quilômetros.

"Eu não sabia que era assim. Na minha cabeça não tinha como não misturar", diz Jussara Rossi, turista. Não é mágica. É um fenômeno químico e físico que faz a água não se misturar.

"Primeiro, a densidade da água. O rio Solimões tem mais material em suspensão do que o Rio Negro. Segundo, a temperatura da água", explica Marco Antônio Oliveira, geólogo, superintendente do Serviço Geológico do Brasil.

O rio Negro nasce na Venezuela. O Solimões na Cordilheira dos Andes, no Peru. Quando se juntam mudam de nome: formam o Amazonas, o maior Rio do Mundo.

Dentro da área do Encontro das Águas uma empresa privada pretende construir um novo porto pra escoar a produção das indústrias de Manaus. Ambientalistas e líderes comunitários são contra o projeto. “É como criar um depósito de contêineres no Pátio do Colégio em São Paulo, ou um porto na Lagoa de Abaeté em Salvador, ou na praia de Ipanema”, diz Márcio Souza, escritor.

O movimento ganhou força depois de uma decisão do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional. Na última quinta-feira o Conselho Consultivo do IPHAN decidiu pelo tombamento definitivo do Encontro das Águas que agora é patrimônio cultural do país.

“O encontro das águas é um local determinante nas rotas de migração e na reprodução dos peixes da Amazônia", diz Geraldo Mendes, biólogo do INPA/ambientalista.

Os empresários do novo porto dizem que o projeto não vai poluir os rios e que é fundamental para cidade. Ele vai permitir que três navios operem simultaneamente.

Hoje a maior parte da produção sai de Manaus por balsas até Belém ou Porto Velho. De lá, os contêineres seguem de caminhão até as grandes cidades do país.

O novo porto permitiria que a carga seguisse direto de navio. Assim o transporte ficaria 30% mais barato e a viagem até três dias mais curta.

“É uma área que já está ocupada por pelo menos uma dezena de grandes empreendimentos, então não vai mudar significativamente a paisagem”, declara Laurits Hansen, diretor da Lajes logística.

O tombamento do encontro das águas não impede novas construções nas margens, mas deve servir de alerta para que este fenômeno seja preservado para sempre.

Quem ainda não viu essa maravilha não deve deixar de ver. Coloque na lista de 'coisas que verei antes de morrer'.


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1 comentários: on "Encontro das águas vira Patrimônio Histórico"

Nanael Soubaim disse...

É um namoro longo até os dois se casarem, lá na frente. Melhor não incomodá-los mesmo.

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