Ontem (27) no último dia do prazo para determinar a classificação indicativa do longa "A Serbian Film - Terror Sem Limites", o Ministério da Justiça anunciou que ela foi suspensa. Trata-se de um caso inédito e que, na prática, impossibilita o lançamento do filme em circuito comercial.
Por meio de sua assessoria, o MJ disse que "a classificação indicativa feita pelo Ministério da Justiça não configura autorização ou permissão para exibição de filmes" e que, "diante da controvérsia jurídica, a classificação foi suspensa".
Alguns órgãos oficiais, como o Ministério Público de Minas Gerais, pediram ao MJ que a exibição fosse proibida - o que foge à competência do órgão.
O Tribunal de Justiça do Rio deve dar hoje (28) nova decisão sobre o filme, cuja exibição foi proibida na semana passada. O desembargador Gilberto Guarino pode analisar hoje pedido de Flávio Pougy, advogado da distribuidora Petrini Filmes, de cassação da liminar que vetou a exibição do longa-metragem.
A pré-estreia que ocorreria no sábado, no Cine Odeon, no Rio, foi proibida na véspera pela juíza Katerine Jatahy Nygaard, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso. A decisão da magistrada, que se baseou no Estatuto da Criança e do Adolescente, atendeu a uma ação ajuizada pelo diretório do DEM no Rio.
A polêmica persegue "A Serbian Film - Terror Sem Limites" há tempos. Exibido com estrondo em festivais internacionais, proibido na Espanha, banido da Noruega e picotado pela censura britânica, tem provocado burburinho onde quer que chegue. No Brasil, não foi diferente: a pedido do patrocinador, saiu na semana passada da programação do festival RioFan. Depois, teve sua pré-estreia proibida por uma juíza no sábado passado (23 de julho). Não só isso: a única cópia do filme em película está apreendida, nas mãos da Justiça do Rio.
Continuem lendo aqui >>>
2 comentários: on ""A Serbian Film - Terror Sem Limites" fica sem classificação"
Já é sensação de download, graças ao escândalo que a Caixa fez.
A censura rediviva
Lamento ver pessoas que admiro defendendo a proibição judicial do filme “A Serbian Film”, que seria exibido no Rio de Janeiro. É censura, sim. E viola os princípios constitucionais que representam a própria essência do estado democrático de direito.
Embora já pareça contraditório que alguém amaldiçoe algo sem conhecê-lo, o debate não deveria nem arranhar apreciações de natureza subjetiva. O Judiciário precisa coibir abusos da imprensa e de manifestações públicas em geral (não que ele esteja interessado no assunto), mas obras ficcionais são intocáveis. Simples assim. Pouco importa que exibam as patologias mais horrorosas, ou mesmo que incitem a demência coletiva. Cercear a difusão do produto criativo, sob quaisquer pretextos, sempre incorrerá em alguma forma de autoritarismo.
Se o Estatuto da Criança e do Adolescente serve para esse tipo de abuso, logo veremos um magistrado proibindo “Lolita” (Vladimir Nabokov), clássico da literatura universal, porque seu protagonista estupra a enteada, uma garota de 12 anos. Depois os saneadores culturais perseguirão todos os vilões que lhe parecerem demasiado asquerosos, os objetos artísticos que afrontem suas sensibilidades, os palavrões das músicas, a nudez e a escatologia dos espetáculos teatrais. E assim chegaremos ao mundo paranóico e restritivo que os conservadores tentam engendrar sob o pretexto do bem comum.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com/
Postar um comentário
Oiêee!
Obrigada por visitar meu blog. Volte sempre.