Vôlei Feminino - uma equipe "B"

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Pelo ouro vale tudo. Por isso, Zé Roberto controlou até a menstruação das meninas. Ele diz que mexeu até no ciclo das jogadoras em nome do título olímpico. Também pudera! Imaginem aquele monte de mulheres todas menstruando ao mesmo tempo? Sem contar na famigerada e impiedosa TPM? Além da gana pela medalha de ouro foi uma questão de sobrevivência pois, sem o tal controle ele hoje não contaria a história.

Mulher é mesmo um bicho esquisito.

O técnico José Roberto Guimarães, medalha de ouro nos Jogos de Barcelona em 92 com a seleção masculina, parece ter desvendado o mistério e caminho que levaria a seleção feminina de vôlei até o ouro olímpico. Além de muito treinamento e trabalho psicológico, o treinador resolveu atacar também os hormônios, que costumam alterar, e muito, o humor das mulheres.
“Mulher é hormônio em ebulição. Então você tem que tomar cuidado em determinados momentos. A gente tentou fazer uma coisa aqui de adiantar algumas menstruações, atrasar outras, algumas deram certo, outras não. Teve um pouquinho de TPM (tensão pré-menstrual), o que não poderia deixar de ter. Mas o legal era que o grupo todo estava tranqüilo, sereno. Uma ou outra só que alterou de humor e ficou irritada, mas não passou disso”, disse o treinador, sem querer revelar o nome das jogadoras.
O método adotado funcionou e as meninas do Brasil venceram os Estados Unidos por 3 sets a 1 (parciais de 25/15, 18/25, 25/13 e 25/21), conquistando um título inédito para o Brasil. No vôlei feminino, o país havia conquistado apenas duas medalhas de bronze (Atlanta, 96 e Sydney, 2000).
“Este foi o trabalho mais difícil pra mim”, revelou.
“Mulher tem que ser tratada de forma diferente. Elas são mais sensíveis. São muito ligadas a família, por exemplo. Não que os homens não sejam, mas os homens separam família do trabalho. A mulher leva a família com ela. Ela pode estar trabalhando, mas também está ligada no filho, como a Paula e a Carol estavam, então elas ficam o tempo todo a mil por hora pensando em tudo. Na casa, no marido que ficou, na mãe, no pai, no marido...”.
O treinador estava “engasgado” com o título desde os Jogos de Atenas (2004), quando a seleção feminina deixou escapar por muito pouco uma medalha. O time comandado por ele perdeu nas semifinais para a Rússia após ter tido cinco chances de encerrar a partida no quarto set. O Brasil vencia por 24 a 19, mas permitiu a virada das russas que dominaram o tie-break garantindo a vaga para a final.
“Eu me senti em débito com o povo brasileiro. Quando você está a um ponto e a bola não cai... Eu acho que eu sou um cara de sorte, um cara privilegiado porque tive uma oportunidade de refazer um trabalho, ou seja, de entrar num trabalho novo, de ter o apoio das pessoas, da Confederação (Brasileira de Vôlei), mesmo tendo perdido alguns jogos, mas acho que eu paguei com juros e correção monetária (risos). Vou voltar a sorrir porque eu fiquei muito triste naquela época”, disse.
“Eu já falei isso. Eu queria fazer um buraco e me enfiar dentro. Eu tinha vergonha de sair na rua porque aquilo foi muito forte. Eu me cobrava muito por não ter ajudado o time naquele momento, mas fico feliz porque eu tive outra oportunidade e agradeço a Deus por isso. Eu tinha deixado um pouco de mim naquela quadra de Atenas. Hoje eu resgato aqui em Beijing. Estou falando Beijing porque começa com B”, completou, entre risos.

By: Revista Época


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