Vim de táxi...

Voltando da viagem vim para casa de táxi. Como todos sabem andar de táxi é sempre uma coisa sui generis. Cada um é um. Isso lógico me referindo ao motorista. O da vez era uma figura. Como já era tarde, passava da meia noite, acho que a solidão ainda parece maior. Por que será que todo taxista é solitário e carente? Alguém já tomou um táxi cujo motorista era caladão? Que eu me lembre isso só aconteceu comigo uma vez na vida e olhe lá. Lembro-me porque tenho boa memória.

Após cumprimentar-me, gentilmente, quis saber se havia sido fácil encontrar um táxi disponível naquele horário. Lógico que pela pergunta ele já sabia a resposta. Respondi-lhe que não e que num dos telefonemas, o motorista, com voz de sono e mau humorado, cujo cartão anunciava corridas principalmente de madrugada, disse-me que naquele momento não seria possível e que por conta disso, rasguei o cartão do infeliz. Foi o bastante para se iniciar uma conversa animada. Explicou-me a razão da dificuldade em encontrar um taxista naquela hora, uma vez que, havia um show na cidade e que a maioria estaria por lá aguardando para faturar uns extras.

Disse ser um estudante de astrologia e acertou meu signo só pelo fato de eu ter dito que havia rasgado o cartão do outro; contou-me o dia de seu aniversário, dia 11 de agosto. Num curto espaço de tempo fiquei sabendo se ele era casado ou não, o seu signo, que só poderia ser leão, não só pelo dia mas, pelo simples fato de que, ele se intulou um dos poucos bons e dedicados taxistas do pedaço. Fez questão de me lembrar de todas as minhas características como virginiana; falou sobre o péssimo atendimento, de um modo geral, dos taxistas na cidade, no que não mentiu, etc, etc.

Enfim, uma figura rara, bem humorado, alto astral, bom papo. Mas achei engraçado o fato de ele ter perguntado qual era a minha profissão e com isso dizer que entre a gente havia acontecido uma coincidência astral, pelo fato de eu ser advogada e ele ter nascido no dia 11 de agosto. Para quem não se lembra, dia 11 de agosto é o dia do advogado. Haja criatividade. Aprendi que qualquer semelhança não é mera coincidência. É karma astral. Agora o melhor de tudo e que me fez rir e muito foi quando ele disse o seu nome: Ricardão. Isso mesmo, no aumentativo, com todas as letras: Ri-car-dão! Quase tive uma crise de riso na frente do sujeito, e pensei com meus botões: isso sim é que é karma. Só rindo mesmo.