A mulher, 35 de idade, empregada doméstica, vestida chamativamente, acompanhada de sua patroa, foi a um baile dominical da terceira idade, no clube social. Ingresso pago. No evento, permitia-se o acesso a pessoas apenas com mais de 45 anos. O porteiro não percebeu a faixa etária.
Após o acesso, as duas se separaram: a patroa ocupou uma mesa de pista com amigas e a mulher personagem deste romance forense - que chamava a atenção por seu traje, pelo seu decote e pelos seus cabelos - ocupou um lugar mais ao fundo, dividindo mesa com algumas conhecidas, integrantes da mesma faixa social.
Idosos setentões concentraram olhares na novel visitante.
De repente, o dirigente do clube acionou um dos seguranças:
- Tira fora aquele traveco, que só deve ter vindo pra perturbar ou pra iludir alguns velhos gagás!
O brutamontes, em agir característico, deu uma chave de braços e comentou:
- Com esta cara, com este jeito, com este cabelo e com este vestido você só pode ser travesti - e isso aqui é uma festa de família. Fora!
- Eu sou mulher, posso provar de todas as maneiras - protestou a personagem.
Sem direito a mais nada, ela foi levada aos trancos e barrancos para fora do clube.
A questão foi a Juízo. O clube sustentou ter ocorrido "acontecimento banal e mera sensibilidade" e alegou que a mulher não fora expulsa da festa pela sua condição sexual, mas que o motivo da abordagem teria sido outro: ela não teria a idade mínima de 45 anos exigida para participar do baile em questão.
Ouviram-se testemunhas, a sentença de procedência do pedido deferiu reparação de R$ 35 mil e no tribunal o relator não deixou por menos: "ninguém tem o direito de duvidar da condição sexual de uma pessoa, discriminando-a sem dar o direito de provar sua feminilidade".
O revisor deixou erudição: "nada é pior para uma verdadeira mulher do que ser confundida com um travesti".
Sem mais recursos, há poucos dias o clube pagou a conta.
Por via das dúvidas, a patroa recomendou à sua empregada:
- Com parte desta grana, compra umas roupas mais discretas e muda a cor dos teus cabelos.
A autora da ação fez uma incursão no Shopping Moinhos e saiu mudada: é uma mulher discreta.
By: E. V.


















1 comentários: on "Perua, perua…"
Vulgaridade (se for o caso) não tem desculpa, mas muito menos a atitude de brutamontes despreparados que são contractados com base apenas no porte físico.
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Oiêee!
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