Dengue: veneno ineficaz

Uma pesquisa da Unesp de Jaboticabal revela que o tempo de ação do veneno utilizado pelos agentes de saúde para matar as larvas do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, em ralos, vasos e outros recipientes tem efeito por apenas 23 dias e não 50 como acreditam as autoridades de saúde.

A pesquisa foi iniciada há três anos, pela equipe do engenheiro agrônomo e professor especialista em segurança do trabalho, Joaquim Gonçalves Machado Neto. Eles analisaram os venenos utilizados no combate à dengue em relação ao tempo de ação, aos efeitos da nebulização nas pessoas e à segurança das roupas utilizadas pelos agentes de saúde.

De acordo com o pesquisador, diante do efeito menor que o esperado do veneno, seria preciso aumentar o número ou diminuir os intervalos de aplicações para garantir a eficácia.

Para realizar a pesquisa, foram espelhados sensores para coletar os resíduos tóxicos no ar, nas paredes e no chão de uma casa.

Ainda de acordo com o estudo, que será publicado em revistas científicas brasileiras e estrangeiras, é preciso esperar pelo menos 30 minutos antes de entrar no local nebulizado.

“Pode causar algum sintoma de intoxicação que pode ser dor de cabeça, tontura”, diz o professor.

Há perigo de contaminação também dos agentes no caso de uma das duas roupas de segurança testadas e que foi reprovada por proteger o trabalhador apenas por uma hora e meia de nebulização, possibilitando o contato com o veneno após esse tempo.

A Secretaria de Saúde do Estado informou que as roupas utilizadas pelos agentes foram trocadas no começo do ano passado. Sobre a efetividade do veneno, a secretaria informou que segue recomendação do Ministério da Saúde que é o intervalo entre as aplicações de 50 dias.