Só faltam as chicotadas

chicote

O bonde da civilização passou ao largo da casa de detenção de Tocantinópolis, cidade a 700 km de Palmas (TO). Na bucólica paisagem de rios e campinas, nove presos dormem ao relento. Um deles dorme amarrado a uma árvore.

Tudo por falta de espaço nas abarrotadas celas da prisão. Essas e outras cenas de horrores estão sendo documentadas em relatório que o Conselho Nacional de Justiça prepara sobre o sistema carcerário no país.

O presidente do STF e do CNJ Cezar Peluso admite que "é estarrecedor" e comenta que "a sociedade brasileira não pode pactuar com uma situação de barbárie como esta, que lembra cenas da Idade Média".

Ao longo da semana, o jornal O Globo acompanhou inspeções do conselho em prisões de Dianópolis, Natividade, Porto Nacional, Gurupi e Figueirópolis, ao sul de Palmas. O quadro, uma amostra da realidade nacional, é assustador.

Diante do juiz Carlos Ritzmann, coordenador da vistoria, alguns presos pedem liberdade com o argumento de que têm direito à progressão de regime. Mas a maioria dos detentos, quase todos negros, pobres e de baixa instrução, clama por algo mais simples: luz, água e oxigênio.

- Tá muito abafado. Tá muito cheio. A gente não consegue nem respirar - reclama um detento em meio ao amontoado de corpos numa cela na Casa de Detenção de Porto Nacional.

A prisão, um casarão antigo e decadente, com capacidade para 24 presos, abriga 95. Janelas pequenas e portões reduzem a circulação de ar e a passagem da luz externa. O resultado é um cenário em que presos não têm condições de ler nas celas e mal conseguem distinguir a noite do dia. Nas outras dependências, carcereiros também se queixam do calor excessivo, do ambiente sufocante e do pouco número de profissionais para administrar e controlar a cadeia.

A inspeção do CNJ no Tocantins terminará na sexta-feira (03). Na semana passada, numa das visitas, o juiz Carlos Ritzmann se deparou com o caso de Tocantinópolis, onde, por falta de vagas, nove presos dormem embaixo de um pé de acerola.

- É a última fronteira da indignidade. Um sujeito amarrado numa árvore, feito um animal, é inadmissível- disse.


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1 comentários: on "Só faltam as chicotadas"

Nanael Soubaim disse...

"Eles não estão em uma colônia de férias", alguns vão alegar. Eu digo que há muitas pessoas presas injustamente, vira e mexe a tevê relata um caso absurdo e nenhum de nós está livre de passar por isso. "Só faltam as chicotadas" nos parlamentares de cabeças pré-históricas, que juram que representam o povo tocantinense, sem a conivência deles isto não aconteceria.

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