Sai dessa, Chico

guilherme_fiuza_110x140Apertem os cintos, vem aí mais um manifesto de intelectuais. Como se sabe, intelectuais gostam de miséria – já dizia o filósofo Joãozinho Trinta. Dessa vez eles capricharam.

O manifesto em apoio a Dilma Rousseff, encabeçado por Chico Buarque de Hollanda, compara os simpatizantes da oposição aos conspiradores do golpe de 64. Barra pesada.

Mas faz sentido. Não tem a menor graça soltar um manifesto à nação sem umas pinceladas épicas. Qual seria o impacto de defender a eleição de Dilma para que gerentes da Petrobras possam continuar convocando comícios pelo email da estatal?

Soaria pequeno-burguês. Ou pequeno-fisiológico. Nessas horas, é preciso grandeza. É preciso mostrar ao povo que o país estará em perigo se não eleger a madrinha de Erenice e sua grande família.

Não há a menor dúvida de que Chico Buarque é do bem, e está se manifestando de coração. O problema é o nível de abstração. Os gênios se confundem com os movimentos rasteiros da política. Do alto de sua poesia, Chico talvez esteja enxergando o bem onde ele já não está.

É o problema do alinhamento automático. Se tem a etiqueta da esquerda, é bom. Foi assim que muita gente boa naufragou no pesadelo soviético, sonhando com a Revolução Russa.

O tal manifesto intelectual pede o socorro dos brasileiros a Dilma Rousseff, apresentando-a como a próxima vítima da elite burguesa. Situa a candidata providencial do PT numa linhagem política que passa por Lula e vai até Getúlio Vargas. É o romantismo tarja preta.

Os historiadores do futuro certamente estudarão os governos Fernando Henrique e Lula como um período único. A redução da pobreza começa com a estabilização monetária, que dá poder de compra ao povo, e evolui com a ampliação dos programas sociais. É uma bela obra, hoje amesquinhada pelo Fla-Flu ideológico.

Os intelectuais gostam de miséria e detestam nuance. Quase todos os homens do presidente operário (e mulheres também) caíram em desgraça por vampirizar o Estado. Essa turma continua, à sombra de Dilma, montando planos obscenos de controle da cultura e da mídia como projeto de poder. Mas se a imprensa mostra, é tentativa de golpe contra o governo popular.

Preste atenção, Chico. A não ser que você queira voltar a ser o Julinho da Adelaide.

By: Guilherme Fiuza


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1 comentários: on "Sai dessa, Chico"

Nanael Soubaim disse...

A burguesia que temos hoje pode ser qualquer cousa, menos elite, esta está confinada, reduzida e longe das câmeras de revistas fúteis. Em segundo lugar, mas não menos importante, eu sou intelectual e não gosto de miséria. Quem gosta de miséria é maxista dde boutique com compulsão por orgasmos verborrágicos, por oratória onanística. Intelectuais como eu, que levam o intelecto à sério, buscam e divulgam soluções práticas, plausíveis e perenes para os problemas. Eu quero eliminas as inmjustiças sociais, mas puxando os de baixo para cima, não usando de vingança mesquinha e tirar de quem trabalhou a vida toda para conseguir seu pé-de-meia.

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