Nossas Universidades são sucatas

O ensino brasileiro foi massacrado, levado ao fundo do poço na Ditadura. Hoje não está diferente...

 

Símbolo de status, de emprego e de vida melhor, o diploma universitário está hoje ao alcance de um número recorde de brasileiros. Mas as faculdades brasileiras atendem às necessidades e esperanças dos estudantes?

No tripé que faz uma boa universidade, professor-estrutura-aluno, o Brasil tem problemas nos três. Exemplos de abandono, professores sem motivação e alunos que vão aprender na faculdade o que faltou no ensino médio.

As universidades brasileiras sofrem com deficiências graves nos três itens que fazem uma boa instituição de ensino superior: estrutura, professor e nível dos alunos.

Hoje sofrem com abandono de instalações, professores sem motivação e alunos que vão aprender na faculdade o que faltou no ensino médio.

O Brasil tem 252 universidades públicas e muitas delas têm problemas de estrutura. Na UFMA, por exemplo, os laboratórios de farmácia estão em péssimo estado e os professores estão desestimulados. Os alunos entram despreparados nas instituições.

 

 

Vejam mais sobre os desafios do crescimento do ensino universitário no país:

Mais de cinco milhões de brasileiros nas universidades. Presenciamos um momento histórico depois de mais de uma década de explosão nas matrículas no ensino superior. Se o Brasil tem pressa para crescer, tem urgência na formação de profissionais. Será que as nossas escolas estão formando corretamente? Qual o papel da universidade?

"Começou assim, eu trabalhava em obra, trabalhava como servente, lavando banheiro químico”, conta o estudante de engenharia, Franklin Salvador.

Mesmo depois do supletivo, do curso técnico e da promoção, Franklin achava impossível subir ao mundo dos doutores e bacharéis. "Faculdade, universidade, eu nem pensava, jamais, eu pensava que não era pra mim, pensava que era pra filhinho de papai”.

Mas aquele era outro Brasil. Depois que a economia deu um salto, milhões de brasileiros descobriram na universidade o melhor caminho para continuar subindo. Ergueram-se escolas gigantes.

O número de faculdades se multiplicou pelo país. O de universitários triplicou em apenas  15 anos e quem alimentou essa expansão foram  particulares. Donas hoje de 70% ddas matrículas.

"Shopping Centers de ensino", gritam os críticos. Sim, existe clima de liquidação. O valor das mensalidades muito nas últimas décadas.

Mas é consenso no setor que as faculdades precisam crescer e devem cumprir o papel de preparar os jovens para o mercado de trabalho.

“O que a universidade contribui para mover a economia de um país é a boa educação que ela faz pros estudantes”, diz diretor científico da Fapesp, CarlosHenrique de Brito Cruz.

"Nós temos que na verdade atender a uma variedade maior de estudantes com vocações diferentes e que se encaminhem pra vida com multiplicidades de novas ocupações que estão sendo criadas a cada dia”, fala a pesquisadora da Usp, Eunice Ribeiro Durcham.

"O perfil do nosso egresso é uma pessoa que esteja voltada pra imediata inserção no mercado de trabalho”, explica o coordenador de engenharia da Estácio de Sá, Jorge Luis da Rocha.

Mas está dando certo? Eles estão saindo preparados? Em fevereiro, o Jornal da Globo publicou a série Emprego, sobre mercado de trabalho no Brasil. Mostrou empresas com tanta dificuldade para contratar que apelavam para ex-funcionários aposentados ou corriam para roubar mão de obra dos concorrentes ou buscavam até na Alemanha e Japão o candidato que não encontravam.

No setor industrial, por exemplo, 69% das empresas têm dificuldade para encontrar profissionais qualificados e se for comparar o Brasil com uma indústria, é como se máquinas estivessem à espera de alguém que saiba usá-las para multiplicar a produção. E se os universitários não preenchem as vagas é por falta de qualidade no ensino superior.

Há sete anos, o Ministério da Educação reforçou o controle de qualidade com a criação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - o Enade. Mas os resultados ainda estão longe do ideal.

Como acontece na escola, as instituições de ensino superior no Brasil passam por uma prova anual. A escala vai de um a cinco. As notas um e dois são como médias vermelhas no boletim escolar. E é o nível alcançado por quase metade das faculdades particulares, avaliadas em 2009. As melhores notas ficam com as públicas, mais de 30% delas tiveram boa avaliação, contra menos de 5% das privadas.

“É uma situação de inércia de baixíssima qualidade, mas em que todo mundo está feliz e esse é o problema. Se você não tem uma educação de bom nível, você jamais vai ter uma economia desenvolvida e isso precisa ser tanto na educação básica como cada vez mais hoje no ensino superior”, afirma o economista especializado em educação, Gustavo Ioschpe.

Visitamos a maior instituição de ensino superior do Maranhão. "Toda comissão do MEC que vem aqui, o nosso ponto que temos q melhorar é pesquisa, porque é um estado em que não tem”, conta Marcos Barros e Silva, pró-reitor acadêmico da Uniceuma.

Com falta de pesquisadores no Nordeste, a Uniceuma tenta atrair profissionais até de fora do Brasil. Investiu em infraestrutura e aumentou o salário inicial dos professores-doutores, segundo o reitor, para R$ 12 mil.

A direção da Universidade mostrou o curso de medicina que recebeu nota quatro do MEC, numa escala que vai de um a cinco. A nota que ele se refere é da avaliação in loco. Mas, segundo o Mec, o índice mais importante é o de qualidade do curso, que leva em conta as instalações da faculdade, como os professores dão as aulas e o desempenho dos alunos.

Com duas avaliações diferentes, as universidades, é claro, escolhem a nota mais alta para falar do seu curso. Ainda assim, notas baixas costumam resultar em cursos melhores.

"Está se incorporando nas públicas e nas privadas essa cultura de avaliação", fala o secretário de ensino superior do Mec, Luiz Cláudio Costa.

O frio na barriga continua a cada degrau e é bom que fique claro que nada diminui o mérito de alunos como Carla Tavares, 38 anos, costureira durante o dia e realizadora de sonhos, durante a noite. "Quando você não chega à uma universidade, você não acredita que você é capaz de realizar, capaz de conquistar e agora percebi que sou capaz disso e de muito mais", diz Carla.

 


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1 comentários: on "Nossas Universidades são sucatas"

Nanael Soubaim disse...

Nota: O pessoal consome 90% da verba não porque ganha muito, mas porque a verba é pouca, só faltou dizer isso.

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