Máquina de Escrever: fim de linha

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Jawaharlal Nehru, imortalizado pelo seu povo como Pandit, “professor”, foi o primeiro governante da Índia depois da traumática ruptura com o Império Britânico, em 1947. Para Nehru, que dirigiu o país até morrer, em 1964, a inauguração da primeira fábrica de máquinas de escrever representou a arrancada da jovem nação rumo à industrialização, ao futuro.

Naqueles longínquos anos 50, o polo industrial da Godrej & Boyce Manufacturing Company, erguido na cidade de Mumbai, veio se juntar a colossos ocidentais do ramo, como a Remington, a Hammond, a Underwood, a Adler-Royal, a alemã Olympia e a italiana Olivetti.

A fábrica indiana produzia 50 mil máquinas ao ano e abastecia Indonésia, Filipinas, Sri Lanka, Angola, Moçambique e Marrocos, países ávidos por teclados não europeus. Prático, eficiente e de fácil manejo, o invento conseguiu sobreviver até o mês passado, driblando as versões elétricas e sobrevivendo aos computadores de mesa, aos laptops e, mais recentemente, aos IPads.

É compreensível que seu último bastião tenha sido a Índia, país de industrialização desigual e capenga. Embora integrando o time das nações ditas emergentes, agrupadas na sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia, China e que agora incluiu a África do Sul), e invejada pelas suas taxas de crescimento efervescentes, a Índia ainda tem perto de 400 milhões de pessoas sem acesso a energia regular e confiável. Daí que boa parte dos cartórios, repartições públicas e delegacias do país continuasse, até há pouco, a trabalhar na pré-história tecnológica.

No mês passado, com o anúncio do fechamento da última fábrica mundial de máquinas de escrever manuais, voltou-se a celebrar a arrancada da Índia rumo ao futuro.

A unidade instalada em Shirwal já havia sido desativada dois anos antes e transmutada em fábrica de geladeiras. Com o fechamento da unidade de Mumbai, colecionadores luditas agora se estapeiam para conseguir comprar as 200 últimas unidades do inventário.

A invenção da máquina de escrever costuma ser atribuída ao inglês Henry Mills, em 1713. Era destinada a cegos, chegou a ser patenteada, teve o aval da rainha Ana Stuart, mas jamais saiu do papel. A partir daí, a intermediação da mecânica no milenar ofício de escrever empunhando pincéis, penas, tintas, lápis, carvão e tantos outros artefatos manuais foi dando saltos. Houve uma primeira versão com teclado de autoria do italiano Pellegrino Turri, várias versões que só comportavam caracteres maiúsculos, modelos que lembravam máquinas de costura (com pedal e gabinete), pianolas ou construções de metal de formas desvairadas.

 

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1 comentários: on "Máquina de Escrever: fim de linha"

Nanael Soubaim disse...

Tec-tec-tec, agora, só pelas mãos de técnicos artesãos.

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