"Pamonhas de Piracicaba": a história do criador do jingle

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Com apenas a 5ª série no currículo, ele conseguiu atingir um feito de dar inveja a muitos publicitários diplomados: com um jingle de menos de 30 segundos, criou uma marca tão forte que transformou os rumos de Piracicaba, que a partir da criação do vendedor Dirceu Bigelli, passou a ser conhecida em todo Brasil pela alcunha de Terra da Pamonha. Um pouco de sorte. Muito talento.
Os relatos de quem conviveu com o piracicabano criador do jingle “pamonhas, pamonhas, pamonhas...” revelam um homem um tanto à frente de seu tempo,  esperto acima da média e um vendedor inacreditavelmente bom. Sem apegos, Dirceu gastou o que tinha, desde os tempos de solteiro, com bebida, mulheres e, muitas vezes, para ajudar os pobres.

 

 

“Eu e outro colega passávamos por uma rua vendendo pamonhas e conseguíamos com muito custo vender dez. Dali a pouco, Dirceu passava pela mesma rua e vinha gente com sacola comprar pamonha dele. Não tinha explicação”, conta o comerciante Airton Bigelli, irmão de Dirceu, que viveu com ele durante a juventude, quando também comercializava a guloseima para pagar a faculdade de Letras que cursava. A fita com a gravação original do jingle é guardada até hoje por Airton.
Dirceu ganhava um bom dinheiro com a venda de pamonhas – seu recorde foi o de mil unidades do doce em um dia –  desde que gravou o jingle em um estúdio no bairro Pauliceia, em 1969. Ao contrário do irmão, entretanto, ele não investiu em estudo ou bens materiais. De acordo com relatos do próprio Airton, ele não tinha apego e colocava tudo que ganhava nas coisas que lhe garantiam prazer efêmero. “Ele usava droga, bebia, ia muito a casas de prostituição. Uma vez, quando a gente morava junto, ele plantou maconha no quintal de casa”, conta o comerciante, que confessa que apesar de ter vivido com Dirceu nunca foi efetivamente próximo dele.
A história é confirmada pela filha de Dirceu, Érica Regina Barros Bigelli, 34, que faz questão de reforçar os pontos positivos do pai. “Apesar de ter um coração de ouro, ele teve uma infância sofrida, viveu em orfanato, foi rejeitado pelos irmãos. Ele se dedicava pouco à família. A vida dele foi o comércio. Mas o pouco tempo que ele ficava com a gente era fantástico . Mas eu perdi meu pai na flor da idade. Ele usava maconha, cocaína e bebia”, disse, se referindo ao trágico acidente em que o pai bateu o carro contra um caminhão na Rodovia do Açúcar e morreu.

Desapego
“Meu pai morreu do jeito que ele veio ao mundo. Sem nada”, lembra Érica que hoje se orgulha ao contar que muitas vezes o pai chegava a uma cidade com o carro cheio de coisas pra vender (ele também vendia frutas, pães, sucatas, mel, cobertores, entre outras coisas. Cada uma delas ganhava um jingle, mas nenhum outro ficou tão famoso quanto é o da pamonha), mas, quando percebia que a comunidade era muito pobre, acabava distribuindo o que tinha para à população local.
Bigelli morreu no dia 20 de agosto de 1990, aos 39 anos. Deixou uma esposa, uma ex-esposa e três filhos. Dois deles parecem ter herdado o dom do pai e hoje trabalham juntos em um comércio de produtos naturais fitoterápicos. Um deles é Érica que, apesar de estar feliz em trabalhar com o irmão, tem um grande sonho. “O meu maior sonho é abrir um negócio de pamonhas na Rua do Porto, onde tudo começou”, conta mencionando que, por enquanto, não tem condições financeiras para um investimento como este.

Patente
Há três anos, a família, que nunca lucrou um centavo com o sucesso da gravação de Dirceu, soube que uma empresa de Bauru patenteou a expressão “Pamonhas de Piracicaba”.  Érica conta que tinha pouca informação de como as coisas funcionam nesses casos e acabou perdendo o prazo para recorrer do pedido de patente. “Existem pessoas por trás de tudo isso que tem grana. Nós, infelizmente, não temos condições de lutar”, desabafa.


O famoso Jingle
Pamonhas, pamonhas, pamonhas
Pamonhas de Piracicaba
É o puro creme do milho verde
Venham experimentar estas delícias
Pamonhas quentinhas, pamonhas caseiras, pamonhas de Piracicaba
Temos curau e pamonha
Vamos chegando, vamos levando
É a deliciosa pamonha de Piracicaba
Pamonhas fresquinhas, pamonhas caseiras
Pamonhas de Piracicaba Pamonhas, pamonhas, pamonhas


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