Atenção com a China

ratinhos2

Brasil precisa exigir mais reciprocidade dos chineses, que não cumprem promessas e impõem restrições aos investidores estrangeiros.

Não causa surpresa o fato de que metade dos grandes projetos de investimento chineses no Brasil, anunciados em 2009 e 2010, ainda não se tenha concretizado. O país asiático tem-se mostrado muitas vezes lento e pouco confiá-vel em suas intenções de investir.

No caso brasileiro, a prioridade chinesa reside na infraestrutura e no acesso a matérias primas, indispensáveis para sustentar sua enorme população e o acelerado ritmo de crescimento.

Não por acaso, os maiores negócios concretizados pela China no Brasil, em 2010, aconteceram na área de energia, com a compra de participação em empresas estrangeiras que atuam no país: US$ 7,1 bilhões por 40% da espanhola Repsol, US$ 3,1 bilhões por 40% de um campo de petróleo da norueguesa Statoil e US$ 3,5 bilhões por 30% da operação da portuguesa Galp no setor.

Ainda assim, na mineração, os asiáticos não concretizaram nem a compra da Itaminas, por US$ 1,2 bilhão, nem o investimento de US$ 3,5 bilhões na EBX, com vistas à construção de uma siderúrgica -investimentos que foram anunciados em março e abril de 2010.

No que se refere a produtos manufaturados, os chineses parecem ainda menos animados com a ideia de montar unidades no Brasil. Mesmo que venham a investir em algumas delas, deverá ser apenas o preço para obter acesso ao mercado interno, como é o caso dos R$ 900 milhões aplicados na montadora JAC, com o óbvio intuito de fugir do aumento do IPI. Mesmo assim, 80% desse valor sairá do bolso do sócio local da montadora.

Também a intenção de investir US$ 12 bilhões, anunciada pela Foxconn quando da visita da presidente Dilma Rousseff ao país, em abril, mostrou-se aquém das expectativas. Posteriormente, a empresa deixou claro que não pretendia aportar recursos, apenas transferir tecnologia em troca de financiamento do BNDES.

As relações econômicas do Brasil com a China são marcadas por assimetrias, que precisam ser, o mais breve possível, corrigidas. Além do desequilíbrio da pauta de exportações, composta quase exclusivamente de produtos primários, há restrições e exigências por parte da China quando se trata de investir em seu mercado interno.

Cabe ao governo -que já vem agindo nesse sentido- avançar com medidas que ajudem a compensar tais distorções. É preciso impor contrapartidas equivalentes às que são pedidas ao empresário brasileiro. Além disso, seria prudente restringir o acesso de estatais chinesas a recursos minerais, terras e cadeias de produção do agronegócio.

Reciprocidade nas condições de investimentos, acesso ao mercado consumidor chinês e cooperação tecnológica são, do lado brasileiro, os itens mais importantes para uma relação mais equilibrada.

Daqui...


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1 comentários: on "Atenção com a China"

Nanael Soubaim disse...

O Partido Comunista trata o comércio exterior como se as empresas chinesas fossem estatais. Não esperemos que um governo que alimenta radicais (estes que se organizam para tumultuar qualquer discussão que se desvie de seus dogmas) vá mudar esta relação por vontade própria.
Eu já disse e terei que repetir noutros artigos, precisamos abandonar esses predadores e voltar a negociar com quem trabalha sério, respeitando as normas da OMC e não usando mão-de-obra escrava.
Eu não tenho MP15, iPod, youPod, shePod e não morri por isso. Quando democracias voltarem a fabricar esses brinquedos, talvez eu pense em comprar um; talvez.

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