Barbatana de Tubarão

Para aqueles que ainda não viram, segue abaixo o link de uma parte do documentário de Gordon Ramsay, Chef inglês e famoso por suas receitas e restaurantes. No documentário ele mostra o mercado de barbatanas de tubarão em Taiwan, principalmente a sopa,  e também a pesca predatória na Costa Rica, provalvelmente um dos maiores fornecedores da iguaria.

Após a produção do documentário e vendo a crueldade da prática do finning, Mr. Gordon vestiu a camisa e fundou a Shark Trust. Ong voltada a proteção dos animais. Além disso, conseguiu parar com a venda da sopa em alguns restaurantes da Chinatonw de Londres.

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A fama de monstros dos mares rende mitos e especulações em torno dos tubarões. Mas sua pesca predatória não apenas coloca diversas espécies à beira da extinção, como ameaça o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e pode até mesmo reduzir a produção de oxigênio no planeta.

Estima-se que os tubarões tenham surgido na Terra há mais de 400 milhões de anos, ou seja, 150 milhões de anos antes dos dinossauros. Mesmo assim, ainda há pouca informação sobre sua importância e o papel fundamental que eles exercem na cadeia alimentar e, consequentemente, na vida do homem.

Por outro lado, sobram especulações, lendas e filmes sobre esses animais. Desde a série de filmes ‘Tubarão’, lançada em 1975, criou-se o mito de que os tubarões são extremamente perigosos e se alimentam de banhistas, surfistas e mergulhadores. No entanto, estudos mostram que esses incidentes são raros e geralmente ocorrem quando o tubarão confunde a vítima com uma presa, como uma foca, por exemplo.

Embora a presença de tubarões na costa australiana seja constante, dados mostram que a probabilidade de uma pessoa morrer atingida por um raio na Austrália é duas vezes maior do que se atacada por um tubarão e as chances de morte por afogamento são 300 vezes maiores. Estatísticas mostram ainda que ataques de tubarões fazem apenas cinco vítimas fatais por ano no planeta, enquanto ataques de tigres ou elefantes causam 100 mortes e acidentes em estradas são responsáveis por 1.2 milhões de óbitos anuais.

Além da injusta fama de monstro dos mares que lhes foi atribuída, os tubarões estão correndo sério risco de extinção, tendo passado de predadores a presas. Estima-se que sua população tenha sofrido uma redução de 90% nas últimas três décadas devido aos impactos ambientais nos oceanos e, principalmente, à caça para a extração de suas barbatanas.

Em muitos países asiáticos, a sopa de barbatana de tubarão tornou-se uma iguaria servida em casamentos, banquetes e jantares de negócios como símbolo de riqueza e status, movimentando uma indústria milionária todos os anos. Entretanto, diversos especialistas, incluindo o renomado chef inglês Gordon Ramsay, afirmam que a barbatana em si não tem gosto algum, dando apenas textura à sopa, que é feita com caldo de frango ou porco.

Além do problema da pesca predatória, há ainda a questão do desperdício, já que uma vez retiradas as barbatanas, a carne dos tubarões é totalmente descartada. Eles são retirados do mar por redes gigantescas, suas barbatanas são extraídas e eles são jogados de volta aos oceanos. Indefesos e feridos, vão direto para o fundo do mar, onde sangram até morrer. Segundo a organização Shark Angels, essa matança é estimada em aproximadamente 73 milhões de tubarões por ano, o que significa 10 mil tubarões por hora. Vale ressaltar que, além dos tubarões, tartarugas, focas, arraias e até baleias acabam morrendo enroscadas nas redes, causando imensos prejuízos ambientais.

De acordo com dados da entidade United Conservationists, 50 espécies de tubarões estão na lista de alto risco de extinção. Entre eles, o inofensivo tubarão-baleia, maior peixe do planeta, que pode atingir até 18 metros de comprimento, não tem dentes e se alimenta apenas de plâncton. Uma única barbatana de tubarão-baleia pode custar cerca de $10 mil na China. Outras espécies ameaçadas de extinção são o tubarão-branco, o tubarão-martelo, o tubarão-cabeça-chata (bull shark) e até mesmo o tubarão-mangona (grey nurse shark), muito comum na costa leste australiana.

Além da crueldade com esses animais, existem dados alarmantes sobre o impacto que a extinção dos tubarões pode causar. Dois terços do nosso planeta são compostos de água e 80% dos seres vivos encontram-se nos oceanos. Ocupando o topo da cadeia alimentar dos mares, os tubarões garantem o equilíbrio de todas as populações marinhas. Sem eles, suas presas se proliferam descontroladamente e os próximos seres da cadeia alimentar acabam por se extinguir. Quando isso acontece, inicia-se um verdadeiro efeito dominó, causando um imenso desequilíbrio ambiental.

Quais são as conseqüências diretas para o homem? Além da escassez de peixes, moluscos e crustáceos, a extinção dos tubarões pode afetar até mesmo a produção de oxigênio. Cerca de 70% do oxigênio que respiramos é produzido por um conjunto de organismos microscópicos chamados de fitoplâncton, que absorvem gás carbônico e liberam oxigênio. Esses microorganismos dependem indiretamente dos tubarões, pois com o desequilíbrio da cadeia alimentar, a proliferação excessiva de animais que se alimentam de fitoplâncton pode causar a redução na produção de oxigênio no planeta.

Como não há acordos internacionais ou leis que proíbam ou regulamentem a caça de tubarões, em 1999, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação estabeleceu uma recomendação para que os tubarões pescados cheguem inteiros aos portos. Dessa maneira, os barcos transportam menos barbatanas, tendo em vista que os tubarões ocupam bastante espaço nas embarcações. A Austrália já proibiu a pesca de tubarões apenas para a retirada de suas barbatanas. No entanto, muitos países não cumprem a recomendação da ONU devido à alta lucratividade dessa indústria. A comercialização de barbatanas de tubarão é tão rentável que seus lucros podem ser comparados aos obtido com o tráfico de drogas.

Por outro lado, há organizações não-governamentais e sociedades de proteção à vida marinha que lutam pela preservação dos tubarões. Dentre elas, vale destacar a Sea Shepherd Conservation Society, o Project Aware, os Shark Angels e a United Conservationists. Existem também outras iniciativas de divulgação da causa, como o filme ‘Sharkwater: The Truth Will Surface’, produzido pelo biólogo canadense Rob Stewart, que retrata a matança de tubarões ao redor do planeta e os impactos que ela traz ao homem.

Como você pode ajudar? Não consumindo produtos como barbatana, óleo e cartilagem de tubarão, não comprando “souvenirs” como mandíbulas e dentes de tubarão e apoiando instituições de proteção ao meio ambiente.

Assista aos vídeos: parte 1, parte 2, parte 3.


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