A precisão no Restauro - "Troca-troca"


A precisão de um trabalhador na área do Restauro

'A vida de um restaurador é gratificante' assim conta um profissional da área.

Formado em artes plásticas pela USP em 1976, o restaurador que também presta consultoria a exposições, Julio Moraes de 56 anos, vê em sua profissão como essencial para preservar a identidade cultural de uma nação.

Segundo ele:

“O trabalho de restauração tem sido bastante solicitado, mas ainda faltam 
profissionais formados na área.”

Contando com mais três sócios, ele coordena o estúdio de restauro, com quase 30 restauradores, na zona norte de São Paulo. Em meio tantos projetos, a equipe faz a conservação de pinturas de cavalete, peças de cerâmica, arqueológicas, sacras e por fim, até prédios históricos, como igrejas. 

O grupo trabalha em parceria com museólogos e assistência técnica de exposição. 

Em uma entrevista cedida para o G1, ele fala ao ser perguntado:

G1 – Qual é o papel do trabalho do conservador e restaurador? 

Julio Moraes - Do ponto de vista ideológico e filosófico, a proteção e preservação têm a ver com a identidade cultural de um povo. Uma pessoa não vai se sentir como parte de uma nação se não tiver uma memória que permita esse autoconhecimento. Se você não tiver elementos materiais nos quais se basear, como é que você vai saber quem é sem ter nada que te conte essa história? Nós não restauramos somente porque tem coisas bonitas ou pitorescas, mas porque fazem parte do conjunto do patrimônio cultural de um povo. Se o povo não souber dar valor ao seu passado, vai se arriscar a repetir a mesma história indefinidamente e, aí, não há progresso. 

G1 – Como surgiu o seu interesse pela área de conservação e restauro? 

Moraes - Comecei a gostar da área quando eu ainda estava na faculdade de artes plásticas. Eu me formei em 76. Depois, fui fazer um curso de especialização de um ano no México em restauro de pintura de cavalete, que é como nos referimos aos quadros. Em seguida, fui à Itália, onde fiz um curso de ciência e tecnologia aplicada ao restauro. 

G1 – Qual é a sua experiência profissional? 

Moraes - Logo após me formar na faculdade, fui trabalhar no Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo. Também fiquei um ano trabalhando no Museu de Arte Contemporânea da USP e mais tarde fundei o estúdio de conservação e restauro. Hoje, tenho mais três sócios e temos quase 30 pessoas que trabalham conosco. 

G1 - No que consiste o seu trabalho? 

Moraes - No ateliê, fazemos conservação de pinturas de cavalete, peças de cerâmica, arqueológicas e sacras de diferentes origens: de órgãos públicos e acervos particulares. Também somos chamados para trabalhar fora do ateliê, dando apoio para a organização e assistência técnica de exposições, no sentido de determinar temperatura, umidade, estabilidade e embalagem ideais. Fazemos um laudo na hora de embalar e desembalar para saber se houve algum dano à obra. Também executamos restauração em edifícios, como igrejas e prédios históricos. 

G1 - Quais projetos dos quais participou que foram prazerosos? 

Moraes - Foram muitos. E todo projeto pode implicar numa surpresa. Na capela de São Miguel, na zona leste de São Paulo, por exemplo, fomos para restaurar dois altares do século 18. Quando removemos as tábuas de madeira para facilitar o trabalho, descobrimos pinturas que são provavelmente do começo do século 17. Lidar com isso é muito gratificante. Também vamos regularmente à casa do Portinari em Brodósqui e também ao Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão. 

G1 - Muitas vezes, associa-se o trabalho do restaurador a algo que exige muita paciência. É verdade? 

Moraes - É um trabalho que exige precisão porque envolve lidar com muitos detalhes, mas não é monótono. Paciência se precisa para pegar ônibus em São Paulo (risos). 

G1 - E como é trabalhar como restaurador no Brasil? 

Moraes - O trabalho de conservação e restauro ganha uma importância maior hoje por causa do fenômeno da globalização. Com o bombardeio constante de informações, há o risco de haver um certo nivelamento das manifestações artísticas. No entanto, a diversidade cultural é fundamental. Daí a necessidade de profissionais formados na área de conservação e restauro que vão possibilitar o resgate dessas memórias. 

G1 - É um mercado que paga bem? 

Moraes - Sempre tivemos bastante trabalho. Minha mulher e eu trabalhamos com isso e conseguimos criar quatro filhos com dignidade (risos). Claro que o valor depende muito do tipo de projeto que é solicitado. A categoria ainda depende de regulamentação, mas é possível dizer que um profissional com alguns anos de carreira recebe em torno de R$ 3.000 por mês. E, certamente, não falta trabalho porque há uma carência de profissionais no mercado.

Texto enviado ao Troca-troca pelo amigo Edmar Pita.

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